quinta-feira, 31 de março de 2011

Em busca do Jesus histórico


                     Para maiores informações veja ''Veracidade do Cristianismo'' no [Índice do Blog]


Quem nunca ouviu falar desse homem chamado Jesus Cristo? Pode-se afirmar que quase todo o mundo conhece esse personagem, que alguns afirmam ser um deus, outros, um profeta, ou simplesmente um grande mestre e ensinador de boa conduta.

Sua passagem por essa terra foi de tamanha importância que chegou-se até a dividir-se a história ocidental em ‘’antes’’ e ‘’depois’’ de Cristo. Entretranto, quão verídico é esse personagem? Diante de uma análise histórica é possível rastrear os passos desse homem revolucionário? Em outras palavras, podemos comprovar a existência de Jesus de Nazaré? A resposta é sim!

Ao contrário do que muitos imaginam, Jesus de Nazaré não é uma invenção fictícia da Igreja, e muito menos uma lenda ou parte de uma mitologia Oriental. De acordo com evidências históricas podemos não somente comprovar sua existência, mas podemos também saber sobre parte de sua vida, ministério e morte, que ocorreu há dois mil anos atrás, em Israel.

Vejamos algumas dessas evidências:

• Flávio Josefo: Historiador judeu, que viveu de 37-100 d.C., e um dos poucos sobreviventes da grande destruição de Jerusalém pelo general romano Vespasiano nos anos de 66-70 d.C. Josefo só sobrevieu porque se entregou às tropas romanas.

Foi autor de muitas obras importantes, incluindo Histórias das Guerras Judaicas, uma Autobiografia, dois livros intitulados ''Contra Ápion'', onde defendia a nação judaica do antissemitismo, e vinte volumes de Antiguidades Judaicas, que registram a história da nação, desde o começo até os seus dias.

Encontramos  referências a Jesus em todos os exemplares subsistentes de Josefo, porém o assim chamado ''Testimonium Flavianum'', em Antiguidades: XVIII.3.3 é de grande relevância. Nessa porção, Josefo narra algumas dificuldades que marcaram a procuradoria de Pilatos. Assim, observa:
''E, por essa época, surgiu Jesus, homem, sábio, se é que, afinal, deveríamos chamá-lo homem; pois ele era operador de feitos maravilhosos, mestre daqueles que recebem a verdade com prazer. Atraiu muitos judeus, e também muitos gregos. Esse homem era o Cristo. E quando Pilatos o condenara à crucificação mediante as acusações feitas pelos principais dos judeus, aqueles que o haviam amado desde o começo não o abandonaram; pois lhes apareceu vivo outra vez ao terceiro dia, havendo os divinos profetas falado isso e milhares de outras coisas maravilhosas a seu respeito: e mesmo agora a família dos cristãos, assim denominados por causa dele, não se extinguiu.''

Essa é a versão do texto dessa passagem da forma como chegou até nós, e sabemos que é a mesma do tempo de Eusébio, que a cita duas vezes [História Eclesiástica. I.11; Demonstratio Evangelica, III.5]

Mais adiante, em Antiguidades XX.9.1, Josefo descreve os atos despóticos do sumo sacerdote Anano após a morte do procurador Festo (61 d.C.) com as seguintes palavras:

''mas o jovem Anano que, segundo observamos, já recebeu o sumo sacerdócio, era de disposição ousada e excepicionalmente arrojado (...) uma vez que Festo estava morto e Albino ainda estava a caminho; reuniu, pois, um conselho de juízes e, perante ele, fez comparecer o irmão de Jesus, chamado o Cristo, cujo nome era Tiago, bem como outros mais, e, havendo-os acusado como infratores da lei, entregou-os para serem apedrejados''

Essa passagem também, como a anterior, era conhecida por Orígenes e Eusébio.
4,5 E é de particular importância porque qualifica Tiago como ''o irmão de Jesus, chamado Cristo'', de
forma a sugerir que ele já havia feito uma referência prévia a Jesus.

• Cornélio Tácito:
O maior dos historiadores romanos da época imperial foi Cornélio Tácito, nascido entre 52 e 54 d.C., que escreveu a história de Roma na era dos imperadores. Tinha cerca de 60 anos quando escreveu a história do reinado de Nero (54-68 d.C.), descrevendo o grande incêndio que devastou Roma no ano 64 e registrando o incêndio, com o objetivo de alcançar maior glória pessoal na reconstrução da cidade.¹ Diz o historiador:
 

''Portanto, para conter os rumores, Nero os apresentou como culpados e os puniu com a expressão máxima de crueldade, uma classe de homens, detestados pelos seus vícios, a quem a população designava de cristãos. Cristo, de quem deriva o epíteto, havia sido executado mediante sentença do procurador Pôncio Pilatos no tempo em que Tibério era imperador; e essa perniciona supertição foi reprimida por algum tempo, para irromper outra vez, não apenas na Judéia, o berço da praga, mas na própria Roma, onde tudo que há de horrível e vergonhoso no mundo parece convergir e achar guarida conveniente''²

Essa narrativa não deixa a impressão de ter sido derivada de fontes cristãs, nem tão pouco de fontes judaicas, pois estes não teriam feito referência a Jesus como o Cristo. Para o pagão Tácito, Cristo era simplesmente um nome próprio como qualquer outro; para os judeus, assim como para os primeiros cristãos, não era mero nome, era um título, o equivalente grego do termo semita Messias (''Ungido'').

Os cristãos o chamavam Cristo, porque criam que ele era o Messias prometido; os judeus que assim não criam, não lhe teriam outorgado tão honroso título.

Plínio, o Jovem: No ano 112 da era cristã, escreveu Plínio Segundo (Plínio, o moço), governador da Bitínia, na Ásia Menor, ao imperador Trajano, pedindo-lhe sugestões sobre como agir com a perturbadora seita dos cristãos, relativamente numerosa na provincia. Segundo a evidência que havia conseguido, mediante interrogatório de alguns dentre eles, sob tortura, escreveu:


''tinham o hábito de se reunirem em um dia fixo antes de sair o Sol, quando entoavam um cântico a Cristo como Deus e se comprometiam, por meio de solene juramento (sacramentum), a não praticar nenhum ato mau, a abster-se de toda fraudulência, furto e adultério, a jamais quebrar a palavra empenhada ou deixar de saldar um compromisso chegando a data do vencimento; após o que era de costume, separavam-se e voltavam a reunir-se novamente para participarem juntos de uma refeição, servindo-se de alimento de natureza ordenada e inocente'' 3

Se essas evidências fosse tudo o que tivéssemos, seria o suficiente para estabelecer a historicidade de Jesus Cristo, porém, além dessas três fontes temos ainda outras sete, que, como essas, estão dentro de um período de 150 anos após a morte de Cristo, e todas elas são fontes não-cristãs.

As outras sete são: Luciano, satirista grego, Celso, filósofo romano; Suetônio, historiador, Talo, historiador romano; Flegon de Trales, escravo liberto; Mara Bar Serapion, cidadão que escrevia para seu filho, e o Talmude judaico.
6

Por outro lado, nesses mesmos 150 anos, existem 9 fontes não cristãs que mencionam Tibério César, o imperador romano no tempo de Jesus. Assim, descontando todas as fontes cristãs, em relação ao imperador romano existe uma fonte a mais que menciona Jesus. Se você incluir as fontes cristãs, os autores que mencionam Jesus superam aqueles que mencionam Tibério numa proporção de 43 pra 10!

Reunindo todas as dez referências não-cristãs, vemos que:

• Jesus viveu durante o tempo de Tibério César [Josefo]
• Ele viveu uma vida virtuosa [Josefo; Mara Bar Serapion]
• Realizou maravilhas [Josefo]
• Teve um irmão chamado Tiago [Josefo]
• Foi aclamado como Messias [Josefo; Talmude judaico]
• Foi crucificado a mando de Pôncio Pilatos [Josefo; Tácito; Talmude judaico]
• Foi crucificado na véspera da Páscoa judaica [Josefo; Talmude judaico]
• Trevas e um terremoto aconteceram quando ele morreu. [Talo; Julio Africano]
• Seus discípulos acreditaram que ele ressucitara dos mortos [Josefo]
• Seus discípulos estavam dispostos a morrer pela sua crença. [Josefo; Plínio; Tácito]
• O cristianismo espalhou-se rapidamente, chegando até Roma [Tácito; Suetônio; Plínio; Talo]
• Seus discípulos negavam os deuses romanos e adoravam a Jesus como Deus. [Plínio]

À luz dessas referências não-cristãs, a teoria de que Jesus nunca existiu é claramente injustificável. De que maneira escritores não-cristãos poderiam juntos revelar uma narrativa que concorda com o Novo Testamento se Jesus nunca tivesse existido?

Portanto, qualquer objeção à historicidade de Cristo, repousa sobre pressuposições filosóficas, e não sobre bases sólidas e exames pertinentes.

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Referências

¹
F.F. Bruce, Merece Confiança o Novo Testamento?, 3º ed. revisada, p.152
² Cornélio Tácito, Anais, XV.44
3 Plínio, o jovem, Epistles, X.96
4 Orígenes, Contra celsum, 1.47; Commentary in Mattheus, X.17
5 Eusébio de Cesaréia, História. Eclesiástica, II.23
6 Todos os detalhes sobre as outras sete fontes não-cristãs que falam sobre Jesus poderá ser visto em: F. F. Bruce, ''Merece Confiança o Novo Testamento?'', ed. Vida, 3º edição revisada.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O paradoxo da pedra irremovível


Você já deve ter ouvido em uma roda de amigos, ou em uma aula de filosofia, ou mesmo visto pela internet, a  pergunta sobre o paradoxo da pedra irremovível. Ela é basicamente assim:


’’ Pode Deus fazer uma pedra tão pesada que nem ele mesmo possa carregá-la?’’

Bem, essa pergunta tem por objetivo levar um cristão a encontrar-se em um grande dilema sobre a Onipotência de Deus. Subentende-se que, se ele puder criar, não poderá carregá-la, não sendo portanto, Onipotente. Se ele não puder criá-la, é porque não pode fazer tudo, sendo, portanto, impotente. Entretanto, essa pergunta continuará de pé após uma análise filosófica sobre o que está sendo pedido para Deus fazer? Não. Vejamos porque:

Primeiramente, temos que nos perguntar: ‘’O que está sendo pedido para Deus fazer?’’ Para saber, precisamos definir e esclarecer os termos das palavras dessa pergunta.

Está sendo pedido:

(1) Para Deus criar uma pedra: Uma pedra é um objeto físico, finito. Qual a maior entidade física que existe? Obviamente, a maior entidade física que existe é o Universo, e por mais que ele se expanda, será uma realidade física e finita – algo que Deus pode carregar.

Se Deus criasse uma pedra do tamanho de um Universo em expansão, seria um objeto que ele poderia carregar, não importando qual seja o tamanho do Universo em expansão.

(2) Tão pesada que ele não possa movê-la/carregá-la
: A única maneira de Deus criar uma pedra que exceda seu poder de movê-la, seria criar uma pedra que ultrapasse seu poder. Uma vez que o poder de Deus é infinito, ele teria que criar uma pedra de proporções infinitas.

E aqui está a incoerência! A pedra, por definição, é um objeto físico e finito. Sendo assim, não tem como dar a ela proporções infinitas! No próprio ato de pedir para Deus ‘’criar’’, mostra que a pedra terá limites.


Logo, este é um raciocínio lógico inválido. A pessoa, na verdade, está pedindo para Deus criar uma pedra infinitamente finita; é o mesmo que pedir que Deus crie um triângulo redondo, ou um círculo quadrado!


Quem se utiliza desse tipo de pergunta, pensa que colocará o cristão em um grande dilema, porém, em vez disso, apenas consegue mostrar a sua própria incapacidade de pensar com clareza.


Portanto, o paradoxo da pedra irremovível derrota a si mesmo
.

terça-feira, 8 de março de 2011

Deus e a Origem do Universo



Quando paramos e consideramos todo o Universo em que estamos inseridos, é impossível não se ponderar sobre a sua origem. Afinal de contas, de onde veio tudo isso? Será que há algo externo a ele (uma inteligência) que o fez surgir? Por que existe algo ao invés do nada? Como escreveu Carl Sagan, astrônomo e um dos maiores divulgadores da ciência: ‘’O Cosmos é tudo o que existiu, que existe e que existirá''¹. Em outras palavras, será que ele sempre existiu? O Universo é algo fantástico demais que chega a nos deixar perplexos, curiosos e ansiosos por saber de onde veio, e como veio à existência – se é que ele veio à existência.

Muitos pensadores, e cientistas durante a história, abraçavam firmemente a idéia de um Universo que fosse eterno. Ainda hoje temos os que se agarram a essa idéia, porém, o fazem não de acordo com as evidências que vem sendo trazidas à tona pela astronomia e pela cosmologia, mas devido a uma antipatia à outra opção para o surgimento do Universo, a saber, que ele teve um inicio. E é acerca deste início que eu me propus a tratar, te apresentando evidências que nos levam não apenas a um princípio para ele, mas também a uma inteligência exterior que o trouxe à existência – inteligência essa, que eu particularmente, chamo de Deus.

Vamos examinar isso de uma forma lógica:

1 – Tudo o que tem um começo tem uma causa.
2 – O Universo teve um começo.
3 – Portanto, o Universo teve uma causa.

Esse argumento é lógico, ou seja, a conclusão segue as premissas 1 e 2; porém, serão as premissas verdadeiras? Tudo o que tem um começo tem uma causa? O universo teve um começo? Se essas duas afirmações estiverem corretas, o que se segue é a conclusão.

1. TUDO O QUE TEM UM COMEÇO TEM UMA CAUSA

Essa é a Lei da Causalidade, o princípio fundamental da ciência. Afinal, a ciência é uma busca pelas causas. Como disse Francis Bacon, considerado o pai da ciência moderna: ''O verdadeiro conhecimento só é conhecimento pela causa''². Em outras palavras, sem a Lei da Causalidade não pode haver ciência. É isso o que os cientistas fazem: tentam descobrir o que causou o quê.
Nem mesmo o grande cético David Hume negou a Lei da Causalidade, quando escreveu: ''Nunca fiz a tão absurda proposição de que uma coisa possa surgir sem uma causa''³. Negar a Lei da Causalidade, é negar a própria racionalidade, ou seja, se alguém lhe disser: ''eu nego a Lei da Causalidade'', simplesmente pergunte para essa pessoa: ''O que te fez chegar a essa conclusão?''. O próprio ato de pensar exige que reunamos nossos pensamentos (a causa) pra chegarmos a uma conclusão (efeito).

Uma vez que a Lei da Causalidade é o princípio fundamental da ciência e da racionalidade, a premissa 1 é válida. Mas, será que o Universo teve um começo?.

2. O UNIVERSO TEVE UM COMEÇO

Ao contrário do que muitos pensam, nosso Universo não é eterno. Para que ele fosse eterno, seria necessário haver um número infinito de dias anteriores a hoje. Mas, um número infinito de coisas reais (dias) é impossível. Números infinitos só são possíveis na nossa mente; na realidade eles não passam de fantasias. Isso mostra que o infinito é apenas uma concepção mental e não algo que existe na realidade. David Hilbert, possivelmente um dos maiores matemáticos do século XX, afirma: "O infinito não existe no mundo real; não existe na natureza e não fornece base legítima para o pensamento racional. O infinito existe apenas no mundo das idéias."4

É fato estabelecido entre os cientistas que o nosso Universo teve um início, ao qual eles dão o nome de Big Bang, que ocorreu por volta de 13 bilhões de anos atrás. Mas, ao contrário da imaginação popular, o Universo não veio à existência através de um átomo primordial superdenso, ou de uma matéria do tamanho da cabeça de um alfinete, ou ainda pela colisão de prótons que explodiram e começaram a formar tudo o que vemos hoje. Os cientistas chegaram a conclusão de que o nosso Universo surgiu literalmente do nada! Não havia tempo, não havia espaço, não havia matéria antes do Big Bang. Em outras palavras, não é possível ter havido um ‘’átomo primordial’’, porque um átomo é uma matéria, e toda matéria (incluindo os átomos) foram criados no Big Bang. Também para haver matéria, tem que haver espaço, e todo o espaço teve sua origem nessa grande explosão primordial. Aliás, cronológicamente falando, não havia ‘’antes’’ antes do Big Bang, porque para haver ‘’antes’’ tem que haver tempo, e tempo, espaço, e matéria foram criados no Big Bang. Eles são correlacionados, ou seja, existem juntos.

Conforme explica o físico P. C. W. Davies, "o surgimento do universo, de acordo com a ciência moderna [...] não se trata apenas de impor ordem [...] sobre um estado de caos anterior; antes, estamos falando do surgimento de todas as coisas físicas literalmente a partir do nada". De fato, em 2003 os cientistas Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin provaram que nenhum universo em estado de expansão cósmica pode existir eternamente, mas deve necessariamente ter um início absoluto. Vilenkin afirma:

’’ Diz-se que o argumento convence homens racionais, e a prova convence até mesmo os irracionais. Agora que temos a prova, os cosmologistas não podem continuar a se esconder atrás da possibilidade de um universo eterno no passado. Não há escapatória, precisam enfrentar o problema do nascimento cósmico.’’5


Mas como o nada pode criar algo? Do nada nada vem! Sei que muitos de nós (inclusive eu) queria que um carro zero aparecesse do nada em nossa garagem, mas isso não é possível! Então, somos deixados com duas opções: (1) Ou o nada criou o Universo de espaço-tempo-matéria, ou (2) Algo exterior ao Universo deu origem ao Universo de espaço-tempo-matéria. Qual opção é a mais plausível? Se tudo o que tem um começo tem uma causa (premissa 1), e se foi provado que o Universo teve um começo (premissa 2), o que se segue logicamente é a conclusão – O Universo teve uma causa.

3. O UNIVERSO TEVE UMA CAUSA
O que se conclui diante da veracidade das duas premissas acima, é que o Universo teve uma causa, ou seja, nosso Universo é um grande efeito. Mas, o que isso significa para a pergunta relativa à existência de Deus? Considerando todas as provas filosóficas e científicas que foram dadas, essa Causa Primeira que deu origem ao Universo tem que ser:

• Eterna, imutável - Porque criou o próprio tempo.
• Imaterial, não-física - Porque criou a matéria.
• Infinita e transcendente - Porque criou o espaço; ou seja, não se limita ao mesmo.
• Se é infinita, logo, essa Causa é infinitamente poderosa e inteligente -  Porque converteu um estado de nulidade, em um Universo espaço-tempo-matéria.
• Pessoal - Essa Causa também é um Ser pessoal, pois optou por criar (uma causa impessoal não é capaz de tomar decisões.)

Essas características são as mesmas que os cristãos atribuem a Deus, porém, não estão baseadas em nenhum texto ou livro sagrado. Foram conclusões filosóficas e científicas, que nos levaram não só ao início de tudo, mas tamem ao próprio originador. Como escreveu Arthur Eddington: ''O início parece apresentar dificuldades insuperáveis a não ser que concordemos em olhar para ele como algo francamente sobrenatural.''6

Robert Jastrow, astrônomo e fundador do Instituto Goddard para estudos espaciais, da NASA, diz no seu livro ''Deus e os astrônomos'':

''Agora, vemos como a evidência astronômica leva à uma visão bíblica das origens do mundo. Os detalhes divergem, mas os elementos essenciais presentes tanto nos relatos astronômicos quanto na narração do Gênesis são os mesmos: a cadeia de fatos que culminou com o homem começou repentinamente num momento preciso no tempo, num flash de luz e energia.''7
A comprovação de peso do Big Bang e sua compatibilidade com o relato bíblico do Gênesis levou Jastrow a fazer a seguinte observação numa entrevista:

''Os astrônomos percebem agora que se colocaram numa encruzilhada, porque provaram, por seus próprios métodos, que o mundo começou abruptadamente, num ato de criação ao qual se pode rastrear as sementes de toda estrela, todo planeta, toda coisa viva no cosmo e na Terra. Eles descobriram que tudo isso aconteceu como um produto de forças que não esperavam encontrar [...] isso que eu e qualquer pessoa chamaria de força sobrenatural é, agora, penso eu, um fato cientificamente comprovado.'' 8


Por que Jastrow e Eddington admitiriam que existem forças "sobrenaturais" em ação? Por que as forças naturais não poderiam ter criado o Universo? Porque esses cientistas sabem, assim como qualquer outra pessoa, que as forças naturais — na verdade, a própria natureza — foram criadas no Big Bang. Em outras palavras, o Big Bang foi o início de todo o Universo físico. Tempo, espaço e matéria passaram a existir naquele momento. Não havia mundo natural ou leis naturais antes do Big Bang. Uma vez que uma causa não pode vir depois de seu efeito, as forças naturais não foram responsáveis pelo Big Bang. Com isso, deve haver alguma coisa acima da natureza para realizar o trabalho. É exatamente isso que significa a palavra sobrenatural. 9

Portanto, podemos concluir, acima do que se considera dúvida justificável, que a Causa que deu origem ao nosso Universo é Deus. Se alguém quer nos fazer crer que a Causa Primeira do Universo não é Deus, terá que: (1) derrubar todos os argumentos deste texto, e (2) levantar provas científicas e filosóficas que nos levem a acreditar que outra Causa, que não é Deus, trouxe o nosso Universo à existência. Enquanto isso não é feito, creio que Deus como explicação para a origem do Universo é uma explicação mais plausível.

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Referências:

¹ Carl Sagan, Cosmos, p. 4
² Francis Bacon, The New Oragon, p. 191
³ David Hume, J. Y. T. GREIG, The Letters of David Hume, vol 2. New York: Garland, 1983, v. 1, p. 187
4 David Hilbert, "On the Infinite", Philosophy of Mathematics, ed. com introdução de Paul Benacerraf e Hillary Putnam, Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1964, pp. 139, 141.
5 Alex Vilenkin, Many Worlds in One: The Search for Other Universes, New York: Hill e Wang, 2006, p. 176.
6 Arthur Eddington, The Expanding Universe, p; 178
7 Robert Jastrow, Deus e os Astrônomos.
8 ''A Scientist Caught Between Two Faiths: Interview with Robert Jastrow", Christianity Today,
August 6, 1982
9 Norman Geisler & Frank Turek, Não Tenho Fé o Suficiente Para ser Ateu, p. 61