terça-feira, 8 de março de 2011

Deus e a Origem do Universo



Quando paramos e consideramos todo o Universo em que estamos inseridos, é impossível não se ponderar sobre a sua origem. Afinal de contas, de onde veio tudo isso? Será que há algo externo a ele (uma inteligência) que o fez surgir? Por que existe algo ao invés do nada? Como escreveu Carl Sagan, astrônomo e um dos maiores divulgadores da ciência: ‘’O Cosmos é tudo o que existiu, que existe e que existirá''¹. Em outras palavras, será que ele sempre existiu? O Universo é algo fantástico demais que chega a nos deixar perplexos, curiosos e ansiosos por saber de onde veio, e como veio à existência – se é que ele veio à existência.

Muitos pensadores, e cientistas durante a história, abraçavam firmemente a idéia de um Universo que fosse eterno. Ainda hoje temos os que se agarram a essa idéia, porém, o fazem não de acordo com as evidências que vem sendo trazidas à tona pela astronomia e pela cosmologia, mas devido a uma antipatia à outra opção para o surgimento do Universo, a saber, que ele teve um inicio. E é acerca deste início que eu me propus a tratar, te apresentando evidências que nos levam não apenas a um princípio para ele, mas também a uma inteligência exterior que o trouxe à existência – inteligência essa, que eu particularmente, chamo de Deus.

Vamos examinar isso de uma forma lógica:

1 – Tudo o que tem um começo tem uma causa.
2 – O Universo teve um começo.
3 – Portanto, o Universo teve uma causa.

Esse argumento é lógico, ou seja, a conclusão segue as premissas 1 e 2; porém, serão as premissas verdadeiras? Tudo o que tem um começo tem uma causa? O universo teve um começo? Se essas duas afirmações estiverem corretas, o que se segue é a conclusão.

1. TUDO O QUE TEM UM COMEÇO TEM UMA CAUSA

Essa é a Lei da Causalidade, o princípio fundamental da ciência. Afinal, a ciência é uma busca pelas causas. Como disse Francis Bacon, considerado o pai da ciência moderna: ''O verdadeiro conhecimento só é conhecimento pela causa''². Em outras palavras, sem a Lei da Causalidade não pode haver ciência. É isso o que os cientistas fazem: tentam descobrir o que causou o quê.
Nem mesmo o grande cético David Hume negou a Lei da Causalidade, quando escreveu: ''Nunca fiz a tão absurda proposição de que uma coisa possa surgir sem uma causa''³. Negar a Lei da Causalidade, é negar a própria racionalidade, ou seja, se alguém lhe disser: ''eu nego a Lei da Causalidade'', simplesmente pergunte para essa pessoa: ''O que te fez chegar a essa conclusão?''. O próprio ato de pensar exige que reunamos nossos pensamentos (a causa) pra chegarmos a uma conclusão (efeito).

Uma vez que a Lei da Causalidade é o princípio fundamental da ciência e da racionalidade, a premissa 1 é válida. Mas, será que o Universo teve um começo?.

2. O UNIVERSO TEVE UM COMEÇO

Ao contrário do que muitos pensam, nosso Universo não é eterno. Para que ele fosse eterno, seria necessário haver um número infinito de dias anteriores a hoje. Mas, um número infinito de coisas reais (dias) é impossível. Números infinitos só são possíveis na nossa mente; na realidade eles não passam de fantasias. Isso mostra que o infinito é apenas uma concepção mental e não algo que existe na realidade. David Hilbert, possivelmente um dos maiores matemáticos do século XX, afirma: "O infinito não existe no mundo real; não existe na natureza e não fornece base legítima para o pensamento racional. O infinito existe apenas no mundo das idéias."4

É fato estabelecido entre os cientistas que o nosso Universo teve um início, ao qual eles dão o nome de Big Bang, que ocorreu por volta de 13 bilhões de anos atrás. Mas, ao contrário da imaginação popular, o Universo não veio à existência através de um átomo primordial superdenso, ou de uma matéria do tamanho da cabeça de um alfinete, ou ainda pela colisão de prótons que explodiram e começaram a formar tudo o que vemos hoje. Os cientistas chegaram a conclusão de que o nosso Universo surgiu literalmente do nada! Não havia tempo, não havia espaço, não havia matéria antes do Big Bang. Em outras palavras, não é possível ter havido um ‘’átomo primordial’’, porque um átomo é uma matéria, e toda matéria (incluindo os átomos) foram criados no Big Bang. Também para haver matéria, tem que haver espaço, e todo o espaço teve sua origem nessa grande explosão primordial. Aliás, cronológicamente falando, não havia ‘’antes’’ antes do Big Bang, porque para haver ‘’antes’’ tem que haver tempo, e tempo, espaço, e matéria foram criados no Big Bang. Eles são correlacionados, ou seja, existem juntos.

Conforme explica o físico P. C. W. Davies, "o surgimento do universo, de acordo com a ciência moderna [...] não se trata apenas de impor ordem [...] sobre um estado de caos anterior; antes, estamos falando do surgimento de todas as coisas físicas literalmente a partir do nada". De fato, em 2003 os cientistas Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin provaram que nenhum universo em estado de expansão cósmica pode existir eternamente, mas deve necessariamente ter um início absoluto. Vilenkin afirma:

’’ Diz-se que o argumento convence homens racionais, e a prova convence até mesmo os irracionais. Agora que temos a prova, os cosmologistas não podem continuar a se esconder atrás da possibilidade de um universo eterno no passado. Não há escapatória, precisam enfrentar o problema do nascimento cósmico.’’5


Mas como o nada pode criar algo? Do nada nada vem! Sei que muitos de nós (inclusive eu) queria que um carro zero aparecesse do nada em nossa garagem, mas isso não é possível! Então, somos deixados com duas opções: (1) Ou o nada criou o Universo de espaço-tempo-matéria, ou (2) Algo exterior ao Universo deu origem ao Universo de espaço-tempo-matéria. Qual opção é a mais plausível? Se tudo o que tem um começo tem uma causa (premissa 1), e se foi provado que o Universo teve um começo (premissa 2), o que se segue logicamente é a conclusão – O Universo teve uma causa.

3. O UNIVERSO TEVE UMA CAUSA
O que se conclui diante da veracidade das duas premissas acima, é que o Universo teve uma causa, ou seja, nosso Universo é um grande efeito. Mas, o que isso significa para a pergunta relativa à existência de Deus? Considerando todas as provas filosóficas e científicas que foram dadas, essa Causa Primeira que deu origem ao Universo tem que ser:

• Eterna, imutável - Porque criou o próprio tempo.
• Imaterial, não-física - Porque criou a matéria.
• Infinita e transcendente - Porque criou o espaço; ou seja, não se limita ao mesmo.
• Se é infinita, logo, essa Causa é infinitamente poderosa e inteligente -  Porque converteu um estado de nulidade, em um Universo espaço-tempo-matéria.
• Pessoal - Essa Causa também é um Ser pessoal, pois optou por criar (uma causa impessoal não é capaz de tomar decisões.)

Essas características são as mesmas que os cristãos atribuem a Deus, porém, não estão baseadas em nenhum texto ou livro sagrado. Foram conclusões filosóficas e científicas, que nos levaram não só ao início de tudo, mas tamem ao próprio originador. Como escreveu Arthur Eddington: ''O início parece apresentar dificuldades insuperáveis a não ser que concordemos em olhar para ele como algo francamente sobrenatural.''6

Robert Jastrow, astrônomo e fundador do Instituto Goddard para estudos espaciais, da NASA, diz no seu livro ''Deus e os astrônomos'':

''Agora, vemos como a evidência astronômica leva à uma visão bíblica das origens do mundo. Os detalhes divergem, mas os elementos essenciais presentes tanto nos relatos astronômicos quanto na narração do Gênesis são os mesmos: a cadeia de fatos que culminou com o homem começou repentinamente num momento preciso no tempo, num flash de luz e energia.''7
A comprovação de peso do Big Bang e sua compatibilidade com o relato bíblico do Gênesis levou Jastrow a fazer a seguinte observação numa entrevista:

''Os astrônomos percebem agora que se colocaram numa encruzilhada, porque provaram, por seus próprios métodos, que o mundo começou abruptadamente, num ato de criação ao qual se pode rastrear as sementes de toda estrela, todo planeta, toda coisa viva no cosmo e na Terra. Eles descobriram que tudo isso aconteceu como um produto de forças que não esperavam encontrar [...] isso que eu e qualquer pessoa chamaria de força sobrenatural é, agora, penso eu, um fato cientificamente comprovado.'' 8


Por que Jastrow e Eddington admitiriam que existem forças "sobrenaturais" em ação? Por que as forças naturais não poderiam ter criado o Universo? Porque esses cientistas sabem, assim como qualquer outra pessoa, que as forças naturais — na verdade, a própria natureza — foram criadas no Big Bang. Em outras palavras, o Big Bang foi o início de todo o Universo físico. Tempo, espaço e matéria passaram a existir naquele momento. Não havia mundo natural ou leis naturais antes do Big Bang. Uma vez que uma causa não pode vir depois de seu efeito, as forças naturais não foram responsáveis pelo Big Bang. Com isso, deve haver alguma coisa acima da natureza para realizar o trabalho. É exatamente isso que significa a palavra sobrenatural. 9

Portanto, podemos concluir, acima do que se considera dúvida justificável, que a Causa que deu origem ao nosso Universo é Deus. Se alguém quer nos fazer crer que a Causa Primeira do Universo não é Deus, terá que: (1) derrubar todos os argumentos deste texto, e (2) levantar provas científicas e filosóficas que nos levem a acreditar que outra Causa, que não é Deus, trouxe o nosso Universo à existência. Enquanto isso não é feito, creio que Deus como explicação para a origem do Universo é uma explicação mais plausível.

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Referências:

¹ Carl Sagan, Cosmos, p. 4
² Francis Bacon, The New Oragon, p. 191
³ David Hume, J. Y. T. GREIG, The Letters of David Hume, vol 2. New York: Garland, 1983, v. 1, p. 187
4 David Hilbert, "On the Infinite", Philosophy of Mathematics, ed. com introdução de Paul Benacerraf e Hillary Putnam, Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1964, pp. 139, 141.
5 Alex Vilenkin, Many Worlds in One: The Search for Other Universes, New York: Hill e Wang, 2006, p. 176.
6 Arthur Eddington, The Expanding Universe, p; 178
7 Robert Jastrow, Deus e os Astrônomos.
8 ''A Scientist Caught Between Two Faiths: Interview with Robert Jastrow", Christianity Today,
August 6, 1982
9 Norman Geisler & Frank Turek, Não Tenho Fé o Suficiente Para ser Ateu, p. 61

2 comentários:

  1. Muito boom seu blog!
    Beem diferente!
    ótimo pra refletir...
    Parabéns!
    http://farofanordestina.blogspot.com/

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