sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Hipótese do Deutero-Isaías

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Isaías inclui profecias surpreendentemente específicas que se realizaram séculos mais tarde com precisão exata. O valor apologético dessa profecia, no entanto, foi diminuido pela alegação dos críticos de que houve pelo menos dois Isaías. Eles afirmam que o segundo Isaías que viveu em data posterior, registra a história em vez de estabelecer profecias preditivas.

A posição tradicional quanto ao livro de Isaías é que ele foi escrito por Isaías, filho de Amoz, entre 739 e 681 a.C. No entanto, críticos negativos argumentam que ''Proto-Isaías'' abrange os capítulos de 1 - 39, ao passo que Deutero-Isaías escreveu os capítulos de 40 a 66 no século V a.C.

Nesse caso, a incrível profecia de Isaías que incluia a previsão de que um rei chamado Ciro (Is 45:1) seria levantado por Deus para disciplinar Israel perde seu valor profético. Pois, se o próprio Isaías não escreveu isso cerca de 150 anos antes de Ciro nascer, mas depois que ele viveu, não há nada de maravilhoso em saber seu nome.

Uma resposta à hipótese

A posição tradicional de que o livro de Isaías é uma única obra escrita pelo profeta Isaías é apoiada por vários argumentos.

A posição crítica que separa Isaías em dois ou mais livros é baseada na suposição de que não existe profecia preditiva. Teólogos modernos afirmam que as profecias nos capítulos 40 a 55 sobre Ciro devem ter sido escritas depois que Ciro reinou na Pérsia. Essa posição é anti-sobrenatural e tenta explicar essas seções de Isaías como história. No entanto, já que Deus distingue o fim desde o começo (Is 46:10), não é necessário negar o elemento sobrenatural nas profecias de Isaías.

As diferenças entre as duas partes do livro podem ser explicadas de outras maneiras além da abordagem de dois autores. Os capítulos de 1 a 39 preparam o leitor para as profecias contidas no capítulo de 40 a 66, antecipando a invasão de Senaqueribe (cap. 36 e 37) e a decadência espiritual que estava causando a queda de Jerusalém (cap. 38 e 39). Esses quatro capítulos intermediários (36 - 39) não estão em ordem cronológica porque o autor os usa para preparar o leitor para o que se seguirá.

A diferença nas palavras e no estilo de escrita entre as duas seções do livro foi usada pelos eruditos críticos para substanciar sua afirmação de que há pelo menos dois livros diferentes. Essas diferenças, no entanto, não são tão grandes quanto se afirma, e as que realmente existem podem ser explicadas como diferenças no assunto e ênfase.

Nenhum autor escreve exatamente no mesmo estilo usando precisamente o mesmo vocabulário quando escreve sobre assuntos diferentes. Todavia, várias frases encontradas em ambas as seções comprovam a unidade do livro. Por exemplo, o título ''Santo de Israel'' é encontrada 12 vezes nos capítulos de 1 a 39 e 14 vezes em 40 a 66.

Em Lucas 4:17, Jesus levantou-se para ler na sinagoga e ''foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías''. O povo na sinagoga e o próprio Jesus acreditavam que esse livro era do profeta isaías. Outros autores do Novo Testamento aceitam Isaías como autor do livro inteiro. João 12:38 afirma que Isaías foi quem escreveu as afirmações encontradas em Isaías 6:1s. e 53:1. Outros exemplos em que o Novo Testamento atribui partes dos capítulos de 40 a 66 a Isaías incluem Mateus 3:3; Marcos 1:2,3 e João 1:23 (Is 40:3); Mateus 12:17-21 (Is 42:1-4); Atos 8:32,33 (Is 53:7,8); e Romanos 10:16 (Is 53:1).

Os rolos do Mar morto incluem as cópias completas mais antigas do livro de Isaías, e não há espaço no rolo entre os capítulos 39 e 40. Isso indica que a comunidade de Qumran aceitava a profecia de Isaías como um livro completo no século II a.C. A versão grega da Bíblia hebraica, que data do século II a.C., trata o livro de Isaías como um único livro escrito por um único autor, Isaías, o profeta.

Ainda que a crítica pudesse demonstrar que parte ou todo o livro de Isaías foi escrito no século V ou mais tarde, isso não refutaria a natureza sobrenatural das previsões sobre Cristo. Estas foram cumpridas séculos depois da última data possível para sua aparição. Isaías previu o nascimento (Is 11;61) e sua morte pelos nossos pecados (Is 53). Isaías 53 é tão específico e tão messiânico que até a interpretação rabínica desse capítulo antes da época de Cristo o considerava uma previsão sobre o futuro Messias.

Na realidade, V a.C., é uma previsão sobrenatural clara e específica dada centenas de anos antes. Se Isaías teve uma fonte sobrenatural para essa profecia, então não há razão para acreditar que não teve a mesma fonte sobrenatural para a suas previsões sobre Ciro.

Conclusão

A tentativa dos críticos da Bíblia de postular um segundo Isaías posterior ao exílio babilônico não nega a natureza sobrenatural de suas previsões específicas. Eles nem conseguem provar que houve um outro Isaías que escreveu os capítulos 40 a 66. Logo, as predições de Isaías que mencionam Ciro pelo nome mais de 150 anos antes de ele nascer ainda prevalecem. Mesmo que Isaías recebesse data mais tardia em parte ou por inteiro, o livro está cheio de previsões específicas, principalmente aqueles cumpridas literalmente por Cristo, que foram feitas com séculos de antecedência.

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