segunda-feira, 6 de junho de 2011

Apolônio de Tiana, um outro Jesus?


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Este personagem (morreu em 98 d.C.), às vezes é apresentado por críticos do Cristianismo como o rival de Cristo por afirmar ser o Filho de Deus e ter a capacidade de realizar milagres para apoiar sua afirmação. Filostrato, em ''Vida de Apolônio'', registra as histórias póstumas de milagres, incluindo aparições e deificação (apoteose). Alguns críticos usam essa história para negar a singularidade da vida, morte e ressurreição de Cristo.

As alegações em favor de Apolônio ficam muito aquém das referentes a Cristo. A biografia de Apolônio, escrita por Filostrato, termina com sua morte. As biografias de Jesus não (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20, 21). Elas terminam com a ressurreição.

Não há nada de sobrenatural na biografia de Apolônio, nem quanto às afirmações de divindade nem quanto aos milagres feitos para provar tal alegação. Histórias de milagres após sua reessurreição sequer fazem parte da biografia. São chamadas apenas ''histórias'' por seu biógrafo, Filostrato. Na verdade, são lendas posteriores.

O livro de Filostrato é a única fonte existente da vida de Apolônio. Assim, a autenticidade do registro não é comprovada. No caso de Jesus, temos vários registros contemporâneos de sua vida, morte e ressurreição. A suposta fonte dessas histórias, Dâmis, é provavelmente uma personagem fictícia usada como recurso literário. James Fergeson afirma:

''Filostrato professou ter descoberto um documento antigo de autoria de um certo Dâmis como sua fonte, mas tais descobertas são a marca registradas de romances históricos, e não podemos dar crédito a Dâmis'' [1]

Dâmis, supostamente veio de uma cidade, Nínive, que já não existia durante a sua época. Em geral, não há evidência de base factual para as histórias.

Em contraste com isso, as evidências para a vida de Jesus nos evangelhos oferecem várias evidências históricamente comprovadas quanto à sua precisão. O registro está repleto, por exemplo, de personagens históricos, entre eles os reis herodianos da época, além de Pôncio Pilatos, Tibério, César Augusto e Filipe, tetrarca da Ituréia.

Informações detalhadas podem ser comprovadas sobre a Judéia, Galiléia, Samaria, Síria, Belém, Nazaré e Jerusalém (Lc 1:26; 2:4; 3:1), e a época (Mt 14:1-7; Lc 2:1,2; 3:1,2). os discípulos de Jesus que escreveram sobre eles foram personagens históricos reais.

O estilo de escrita usado por Filostrato era uma forma literária popular da época chamada ''romance'' ou ''ficção romântica''. Não deve ser considerado literal ou histórico. O enredo se desenrola em situações inventadas; envolve animais exóticos e descrições formais de obras de arte; e tem discursos longos das personagens.

Como relatório, o registro contém muitas informações geográficas e históricas imprecisas. Por exemplo, Nínive e Babilônia foram destruídas 300 anos antes. As montanhas do Cáucaso são descritas como se fizessem separação entre a Índia e a Babilônia, o que é errado. Os discursos de Filostrato são colocados anacronicamente na boca de Apolônio.

Filostrato, não era uma testemunha ocular, mas foi comissionado a compor seu livro por Julia Domna, esposa do imperador Sétimo Severo, 120 anos depois da morte de Apolônio. Os escritores do Novo Testamento foram contemporâneos e/ou testemunhas oculares dos eventos.

Um motivo possível para a publicação foi o desejo de reagir à influência crescente de Jesus. Um históriador diz: ''Foi ela (Julia Domna) que incentivou Filostrato a elaborar uma vida de Apolônio de Tiana como uma forma de oposição a Jesus''.

Outro disse que, como ela se tornaria suma sacerdotisa do politeísmo helenístico,

''percebendo a necessidade de encontrar uma figura histórica adequada para rebater a propaganda dos evangelhos subversivos, ela se empenhou para ressucitar a memória de um herói da hagiologia pagã, Apolônio de Tiana'' [2]
 A história de milagres referêntes a Apolônio são contraditórias. Alguns dizem que morreu em Éfeso, Outros em Lindus ou Creta, e depois desapareceu. Só uma aparição é registrada por Filostrato. Foi para um homem enquanto dormia, uma visão acontecida 200 anos depois de Apolônio ter vivido (273 d.C.). Outros dizem que ele não morreu mas foi deificado porque desapareceu.

Finalmente, há uma diferença importante entre as alegações quanto à deificação de Apolônio e quanto a Jesus ser Deus. A deificação de Apolônio é conhecida por apoteose, o processo pelo qual um humano se torna Deus. A encarnação de Cristo foi o processo pelo qual Deus se tornou homem.

Além disso, o conceito de ''Deus'' era diferente. Cristo era Deus no sentido teísta. A alegação quanto a Apolônio o torna Deus apenas no sentido politeísta.

Conclusão:

Não há evidências de historicidade da obra de Filostrato sobre Apolônio. Ela dá toda indicação de ser uma obra fictícia. Ao contrário dos evangelhos, ela não apresenta testemunhas oculares, nem ressurreição, nem confirmação.

Em contraste, os evangelhos tem evidência abundante de sua autenticidade e historicidade. O testemunho oferecido pelas testemunhas do Novo Testamento foi confirmado por vários manuscritos.

Em resumo, não há comparação verdadeira entre Apolônio e Cristo. Jesus afirmou ser o Filho do Deus teísta e provou isso por meio de milagres historicamente comprovados, incluindo a própria ressurreição dentre os mortos.

Apolônio não fez tais alegações e não teve tais testemunhas para apoiar nenhum suposto milagre. Pelo contrário, a única testemunha é posterior, não comprovada, e os fatos demonstram todo indício de ser mito, não história.

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Referências

[1] J. FERGESON, Religions of the Roman Empire, p. 182]
[2] S. A. COOK, The Cambridge Ancient History, p. 613.

6 comentários:

  1. Um blog muito interessante esse seu.
    sem querer doutrinar, apenas mostandos os fatos.

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  2. bãã que legal :o
    gostei do blog!
    http://aliceandkevelin.blogspot.com/
    beiijos

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  3. Sou ex-evangélico e dono de um blog polêmico.
    Jesus é apenas uma lenda.
    Muitos se disseram profetas e muitas das coisas que ele pregou povos antes dele pregaram.
    Visite meu blog e refute se puder:

    http://investigacoes-gospel.blogspot.com/

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  4. Se Jesus é apenas uma lenda, o que você faz com as várias obras não-cristãs que falam a respeito dele, como Josefo, Plínio, Tácito, Mara Bar-Serapion, e até o Talmude Judaico?

    Ah, então, por gentileza, me mostre qual líder religioso, ou ''profeta'' anterior a ele, pregou sobre a chegada do Reino dos Céus, pregou sobre o Dia do Juízo, ou sobre a salvação dos pecadores...

    Só porque alguns líderes religiosos anteriores a Jesus pregaram uma ''boa conduta'', não se segue que Cristo não existiu ou que seus ensinamentos sejam falsos.

    Você literalmente, está ''comendo moscas''.

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  5. Josefo é sem a menor sombra de duvida uma interpolação feita a posteirori. A não ser que se julgue aceitável a um judeus latinizado sair apregoando a suposta filiação divina de Cristo

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  6. Alguns estudiosos acreditam que houve interpolações sim, mas isso não anula sua referência a Cristo como um mestre judeu (Ant XVIII.3.3), como irmão de Tiago (Ant XX.9.1), e referência à sua morte por Pôncio Pilatos (Ant XVIII.3.3).

    E mesmo que não aceitemos o testemunho de Josefo, ainda teríamos 9 fontes não-cristãs que fazem referência a Cristo, em um período de 150 anos após sua morte.

    isso é mais do que necessário para estabelecer historicidade.

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