sábado, 11 de junho de 2011

Walter Block e a visão libertária sobre as drogas


Nesta ocasião, gostaria de deixar um texto do economista Walter Block, em seu livro ''Defendendo o Indefensável'', onde ele trata sobre o consumo de drogas em nossa sociedade. Block tem como filosofia política o Libertarianismo [1], e mesmo sendo ateu, ele não deixa de impressionar cristãos (como impressionou a mim) pela aborgadem que faz de diversos segmentos da nossa sociedade e a maneira como deveriam ser tratados pelo governo.

Vejamos a sua abordagem sobre as drogas:

Consideremos, agora, o consumo de drogas.

Acredito que, moralmente, os viciados em drogas são, no mínimo, abomináveis. São destruidores de almas. São uma forma de lento - e às vezes, não tão lento assim - suicídio. Mesmo estando vivo, o viciado, na verdade, não está vivendo. Ele paga por um momento de ''êxtase'', ou pelo menos pelo que é assim descrito pelos que consomem drogas, com lucidez e competência.

Essas drogas são um ataque ao corpo, à mente e ao espírito. É difícil que exista algo de mais destrutivo à saúde, a longo prazo, do que drogas como a cocaína. Mais sutil, mas não menos importante é o dano ao espírito. O viciado se torna escravo da droga. Ele não é mais dono da sua própria vida. Isso, na verdade, em alguns aspéctos,  é pior do que a franca escravidão.

Durante o apogeu dessa ''curiosa instituição'', durante o século dezenove e antes, aqueles que eram vitimados pela escravidão, pelo menos ainda podiam continuar a planejar a fuga. Certamente, podiam se imaginar livres. Mas, nos escravizados por entorpecentes, quase sempre a própria intenção de se libertar fica atrofiada.
Nem estou discutindo as dificuldades do viciado em heroína. Sua situação, hoje, é de dar pena. (...) Não raro a droga ser impura, ainda é muito cara. Isso encoraja o crime, que fecha o círculo vicioso. (...) Mesmo nesses casos, o viciado merece toda a nossa compaixão (odeie o pecado, não o pecador) , pois está desperdiçando a sua vida por um fogo-fátuo.

Existem, é claro, certas exceções à essa caracterização severa. A maconha pode ter alguns efeitos benéficos para os que sofrem de glaucoma. A morfina é medicamento indicado para aliviar a dor em cirurgias. As drogas psiquiátricas podem ser usadas, adequadamente, para combater a depressão. Mas, tirando esses casos, os danos moral, mental e físico da heroína, da cocaína, da LSD, e seus similares são opressivos e desastrosos.

Por certo, há histórias anedóticas indicando que médicos viciados em heroína tem sido capazes de levar uma vida normal e produtiva, de exercerem adequadamente a profissão.  O argumento, aqui, é que eles têm fácil acesso á droga, e isso prova que o dano se deve à proibição, não à substância em si.

Não concordo, mas, para fins de argumentação, vamos estipular que isso é verdadeiro. Ou seja, agora aceito ''por seu valor norminal'', a alegação de que médicos viciados em drogas podem atuar como médicos. Podem fazê-lo por anos, sem cometer erros graves óbvios, certamente nenhum erro que leve a se descobrir imediatamente sua condição de viciado. Isso significa que levam uma vida ''normal e produtiva''? nem um pouca, a não ser que consideremos ''normal'' e ''produtiva'' uma existência semelhante a de um zumbi.

Por que é traição moral tomar parte nas atividades ou, como no caso das drogas, poluirmos nossos cérebros com o consumo excessivo de álcool? Porque essa é uma forma sutil de suicídio, e a vida é tão imensamente valiosa, que qualquer fuga dela é um crime moral e ético.

Sim, a vida é preciosa. Mas, para tanto, precisa ser vivida. As drogas, alcoolismo, etc., são formas de se retirar a vida. Como também podemos abreviar nossa vida, explicitamente, ao nos engajarmos nessa forma implícita de suicídio.

Pode-se objetar que usar substâncias controladas é uma forma de ficar ''alto'', e que esse estado é estimulante e divertido. Minha resposta é que a própria vida deveria ser, pelo menos idealmente, um ''alto'', e que a única forma de torná-la assim é pelo menos tentarmos. Mas é rara a pessoa que pode fazer qualquer coisa virtuosa estando sob o efeito das drogas.

Uma vez mais, reitero, que não estou pedindo que as drogas sejam legalmente abolidas. A proibição, não apenas é um pesadelo prático (aumenta a criminalidade, gera o desrespeito à lei, etc.), como também não é permissível eticamente. Os adultos deveriam ter o direito legal (não moral) de poluir seus corpos como bem entendessem.

A objeção de que isso não passa de uma forma lenta de suicídio, respondo que o próprio suicídio deveria ser legal. No entanto, tendo dito isso na qualidade de libertário, agora, como conservador cultural, afirmo que esse é um ato deplorável, indignos de seres humanos morais.

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Notas:

[1] Libertarianismo: Uma filosofia política. Preocupa-se exclusivamente com o uso adequado da força. Sua premissa  principal é que deveria ser ilegal ameaçar ou iniciar violência contra uma pessoa ou sua propriedade, sem a permissão de tal pessoa; que o uso da força somente se justifica quando em legítima defesa ou revide. Em poucas palavras, é isso.

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