terça-feira, 28 de junho de 2011

Gênesis 1 e a Criação progressiva

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Normalmente, os cristãos são criticados por crerem em uma criação do mundo em seis dias de 24 horas (totalizando 144 horas de criação), como relatado em Gênesis capítulo 1. Os cristãos adeptos dessa visão da criação são denominados criacionistas da Terra jovem [1]. Porém, meu intuito nessa postagem é mostrar que não são todos os cristãos que creem na criação de seis dias, mas defendem que Gênesis 1 é compatível com a ciência moderna e sua datação para o Universo, sem ferir a interpretação do texto. Os que são adeptos dessa visão, são denominados progressistas, porque acreditam em uma criação progressisva, com longos períodos de tempo.

Ao contrário dos criacionistas da Terra Jovem, a visão progressista interpreta os dias de Gênesis como estágios sobrepostos de criação. Esse tempo de demora seria necessário para permitir que novas formas de vida fossem introduzidas no ecossistema e para este alcançar seu equilíbrio de acordo com as leis da natureza. Além disso, há diferentes limites de tempo de equilíbrio associados a cada ser que ia sendo criado, diretamente relacionadas com a complexidade e o tempo de reação para o ecossistema alcançar equilíbrio. À luz deste entendimento de Gênesis, vamos observar mais de perto o que pode ter ocorrido durante os seis estágios de criação.

O gráfico a seguir mostra as eclosões inteligentes da criação com novas formas de vida sendo introduzidas no ecossistema nos momentos precisamente  corretos do tempo - quando o ecossistema alcançou seu equilíbrio natural.


Como o gráfico indica, a ordem básica dos estágios da criação relatados em Gênesis 1 se enquadra muito bem na ordem da natureza mostrada pelo registro paleontológico e com as divisões geológicas de tempo.

Uma vez que a ciência é uma discíplina progresiva e que há váriações na interpretação de Gênesis 1, não se indica que a correlação seguinte seja definitiva ou final, mas meramente experimental ou plausível à vista das evidências atuais.

Os relatos dos acontecimentos em Gênesis 1 não se preocupa com os detalhes que um cientista consideraria importantes. Todavia, podemos seguramente presumir que as formas necessárias de vida e as condições atmosféricas foram sendo criadas para preparar o ecossistema da Terra para a criação de outras formas de vida previstas e enfim a vida humana.

No esboço que se segue, substituí os estágios de criação pelos dias da criação. Também procurei preencher algumas condições que mais provavelmente tinham de estar presentes do ponto de vista de um modelo que permite longos períodos de estruturas de tempo de criação sobrepostas.





Estágios 1–2:
O ''big bang'' marcou a criação do Universo espaço-tempo. O Criador produziu luz nas trevas numa simples e imensa explosão concentrada de energia. As órbitas dos elétrons decaíram e a energia começou a se condensar em matéria. Nesse estágio, o sistema solas e galáctico teriam tomado forma, constituindo a Via Láctea e inflamando o Sol, que começou a queimar como uma estrela de ordem principal. O Criador formou a Terra e o nosso sistema solar da nebulosa informe no espaço escuro, o que causou o contraste entre a luz e as trevas (Gn 1:1-5).

Estágios 2–3: Nesse espaço de tempo a Terra teria iniciado atividade vulcânica, e o vapor resultante teria começado a condensar-se. À medida que o planeta se esfriava, a água ter-se-ia acumulado formando um mar que cobria a superfície da Terra. Nesses estágios, os gases tóxicos da atividade vulcânica provavelmente dominaram a terra. O Criador assim formou a expansão (Gn 1:6-8) ou o espaço atmosférico (troposfera), que proporcionou uma atmosfera rica em oxigênio, e que fez com que o céu opaco (absorvedor de luz), se tornasse translúcido (difusor de luz).

Essa vastidão naturalmente teria resultado numa atmosfera com temperatura e diferenciais de pressão que produziam violentas tespestades elétricas, o que originou a camada de ozônio. As primeiras formas de vegetais unicelulares podem ter sido introduzidas no ecossistema dos mares nesse tempo: ''Contrários à opinião científica sustentadas atpe recentemente, os dados fósseis demonstram que a primeira vida vegetal simples apareceu imediatamente após a água líquida, não bilhões de anos mais tarde'' [2].

Estágios 3–4: Gênesis nos diz que a terra seca foi criada pela junção do mar numa só porção (Gn 1:9,10). Uma explicação plausível de ''onde'' a água foi colocada relaciona-se com a origem da Lua. Alguns cientistas especulam que outrora a Lua foi parte da Terra. Isaac Asimov disse que ''essa idéia é atraente, já que a Lua perfaz só um pouco mais que um por cento da massa combinada terra-lua e é pequena demais para repousar no extremo pacífico. Se a Lua fosse feita de camadas externas da Terra, explicaria o fato da Lua não ter nenhum núcleo de ferro e ser muito menos densa que a Terra e de o fundo do pacífico não ter granito continental'' [3].

Depois de formada a terra seca, as primeiras plantas da terra foram criadas (Gn 1:11-13). Durante esse tempo várias espécies vegetais, entre elas as plantas e as árvores, foram introduzidas no ecossistema. As plantas são a fonte primária de energia e alimento da Terra, produzindo-os por meio da fotossíntese. Por essa razão, a fotossíntese pode ter começado a ocorrer também nessa época, fortalecendo a atmosfera, já rica em oxigênio - que, por sua vez, intensificou o processo de fotossíntese.

À medida que a fotossíntese prosseguia, a água ia se decompondo, produzindo o oxigênio puro e criando o efeito estufa. Consequentemente, uma espessa camada de núvem se teria formado, cobrindo toda a Terra e um ciclo de água estável (evaporação e condensação) se estabeleceria também.

A vida vegetal requer que o ecossistema tenha microorganismos necessários (bactérias e fungos) e insetos (dois milhões de espécies conhecidas no reino animal) para haver equilíbrio devido. Os insetos e os outros organismos são essenciais para tarefas como oxigenação, fertilização, polinização e ações semelhantes. Além disso, o ecossistema agora precisaria de uma cadeia alimentar para manter seu equilíbrio.

A introdução de seres criados mais recentemente teria tirado o ecossistema de seu equilíbrio, portanto, foi necessário um ajuste fino, inclusive a quantidade certa de tempo de equilíbrio para o sistema de mudanças que conduzem a um novo período de estabilização Quando o ecossistema alcançou seu ponto de equilíbrio, a próxima ''eclosão da criação'' teria ocorrido.

Estágios 4–5: Uma vez que a atividade vulcânica tinha diminuído e a Terra esfriado, os níveis de dióxido de carbono teria diminuido juntamente com a cobertura de núvens. De forma correspondente, a atmosfera estabilizada (em relação à pressão e à temperatura) e o consumo de dióxido de carbono pelas plantas teriam exercido um papel chave no desanuviar do céu. Em consequência, o Sol pôde ser visto durante o dia, e a Lua e as estrelas durtante a noite (Gn 1:14-19).

A explosão cambriana mais provavelmente ocorreu nestes últimos estágios da criação. O Criador produziu uma copiosidade de vida aquática juntamente com um exército de vida animal minúscula e, provavelmente em direção ao final do estágio cinco, introduziu as ''grandes criaturas do mar'', entre eles os répteis, sendo o maior deles o dinossauro.

Depois de o ecossistema ter equlibrado essa enorme explosão de vida aquática, as primeiras aves verdadeiras parecem ter sido criadas quando a atmosfera e o ecossistema alcançaram uma temperatura razoavelmente estável (Gn 1:20-23). A estabilização das condições atmosféricas teria sido de importância crítica, pois as aves são criaturas de sangue quente e precisam gerar calor para manter o corpo aquecido para reagir às flutuações de temperatura do ambiente.

Estágios 5–6: Esses estágios entrelaçados preparariam o ecossistema para o propósito principal de ajuste fino do ambiente da terra: a criação da vida humana. próximo do fim do estágio cinco, o Criador criou os animais da terra e os mamíferos conhecidos como animais domésticos, juntamente com os animais selvagens (não domésticos) (Gn 1:24-27), Quando o ecossistema se ajustou para a introdução de vida animal e alcançou um certo nível de equilíbrio, mais provavelmente os mamíferos foram criados. Procurei me esforçar para explicar os estágios a seguir:

[o relato seguinte é um pouco intricado e deve ser acompanhado cuidadosamente. É importante ter tempo para entender a teminologia. Compreender os termos e suas relações ajudarão a trazer à luz a importância de aplicar os termos corretos para as espécies certas, sem tendências macroevolucionistas].

Há duas subclasses de mamíferos: os prototérios e os térios. os prototérios põem grandes ovos com muita gema. Entre eles há somente o ornitorrinco e os mamíferos que se alimentam de formigas. Embora tenham sangue quente, a temperatura do corpo deles é relativamente variável. Os térios consistem das subclasses metatérios e eutérios. os metatérios são mamíferos que têm uma bolsa abdominal, nas quais os filhotes recem-nascidos, em estado imaturo, se abrigam para completar o desenvolvimento.

Os exemplos modernos desses mamíferos são o canguru, o coala e o rato gigante da Índia. Finalmente, os eutérios são mamíferos cuos embriões se fixam num útero no corpo da mãe e se nutrem por meio de uma placenta. Com isso, os filhotes são plenamente protegidos e mantidos numa temperatura constante.

O nível progressivo da complexidade embrionária dos mamíferos dá algum vislumbre da ordem da cração indo em direção à humanidade. Embora os humanos sejam classificados como mamíferos eutérios, uma grande diversidade de outros mamíferos também o é. No grupo dos eutérios, entretanto, smente os primatas se distinguem ainda mais por polegares oponíveis (que permitem a destreza das mãos) e os hálux (dedo maior do pé) e olhos opositivos (para visão binocular).

Entre os primatas estão os macacos, os chimpanzés e os seres humanos. O gênero dos primatas que inclui os seres humanos é conhecido com Homo, e os macroevolucionistas classificam os seres humanos e todos os seus supostos ancestrais, segundo eles, numa família chamada hominídios. Porém, uma vez que a macroevolução não é um modelo de origens plausível, podemos dispensar essa extensão particular de termos e classificar a vida humana como uma espécie separada e distinta dos macacos e outros símios. Com essa explicação, a classificação própria dos seres humanos é Homo sapiens.

O Homo sapiens foi criado distintamente humano, e por essa razão o uso do termo sapiens. Sapiens vem de uma palavra latina que transmite a idéia de ter inteligência, discernimento e sabedoria. Tem que ver com a posse de capacidade intelectual de fazer juízo e de lidar com pessoas de maneira correta, isto é, de fazer escolhas éticas corretas.

Nem todos os macroevolucionistas acreditam que o Homo habilis e o Homo erectus foram ancestrais comuns. A citação seguinte é tirada do livro Evolution: challenge of the fossil record, de Duane Gish, cuja leitura recomendamos àqueles que têm interesse em saber mais sobre o assunto.

''Embora não admita nenhuma dúvida sobre o fato da evolução, Stephen J. Gould, paleontólogo da Universidade de havard, tem a dizer o seguinte a respeito desse estado de coisas:

'o que foi feito de nossa escada se há três linhagens co-existentes de hominídeos (...) nenhuma nitidamente derivada de outra? Além disso, nenhuma exibe tendência evolutiva alguma durante a permanência na terra: nenhuma fica mais inteligente nem mais ereta à medida que se aproxima dos dias atuais''' [4].

Gish prossegue citando a descoberta de outro macroevolucionista, Louis Leaky, que encontrou certos artefatos que levaram a uma única conclusão: O Homo habilis e o Homo erectus existiram contemporaneamente com o Homo sapiens. Gish diz:

''Se o Australopthecus, o Homo habilis e o Homo erectus existiram contemporaneamente, como poderia um ter sido ancestral do homem, quando os artefatos do homem são encontrados num nível estratigráfico mais baixo, imediatamente abaixo, e por isso anterior no tempo a esses supostos ancestrais dele? Se os fatos estão corretos como Leaky os relatou, então obviamente nenhuma dessas criaturas pode ter sido ancestral do homem, e isso deixa a árvore ancestral do homem desnuda'' [5]

Consequentemente, bem próximo ao final do estágio seis, uma vez o ecossistema plenamente ajustado com a adição dos mamíferos anteriores ao Homo sapiens, o Criador formou dois seres humanos e soprou vida neles. Eles foram feitos não somente como almas viventes com corpos, mas foram também altamente capacitados com faculdades espirituais, racionais, morais e volitivas.

Se a explicação dos estágios da criação mencionada anteriormente é precisa - e cremos que não há razão bíblica nem científica para questioná-la - então nos parece que a visão progressiva do modelo de projeto se harmoniza bem com todas as evidências da ciência.

Esse desenho é uma tentativa de reunir todos os dados numa visão geral concisa conforme apresentados pelo modelo progressivo. À medida que decompomos os fatores dos períodos de tempo entrelaçados, os dados começam a alinhar-se com os fatos conhecidos (inclusive o big-bang cosmológico) de modo a descrever todas as sequências e correlacioná-las com a ordem conhecida da natureza, com o aparecimento de novas formas de vida e com as eras geológicas.

Observe novamente como os estágios da criação permitem que novos seres recém-criados sejam introduzidos no ambiente, permitindo que o ecossistema atinja seu equilíbrio natural.



Depois de considerar cuidadosamente as evidências, a visão progressiva do modelo do projeto (ou algo semelhante) parece ser um modelo das origens viável. Três campos idependentes de estudo apóiam a sua integridade: a cosmologia, a biologia molecular e a paleontologia.

A visão progressista também se mostra coerente com os primeiros princípios, as leis da ciência e as evidências observáveis. Além do mais, satisfaz os critérios de uma boa teoria porque (1) descreve adequadamente uma grande classe de observações (a origem e a natureza do Universo, a origem e a natureza da vida, de novas formas de vida, e o registro fóssil) e (2) faz previsões sólidas a respeito das limitações genéticas de adaptação.

Conclusão

Como foi visto, o modelo progressita é plausível e está de acordo com as evidências. E ao contrário da opinião popular, Gênesis 1 e a ciência não estão em contradição.

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Referências

[1] Criacionistas da Terra jovem: Visão cristã que acredita em uma Terra de 6 mil a 10 mil anos.
[2] GERALD SCHROEDER, The Science of God, p. 68
[3] Isaac Asimov, Asimov's Guide to Science, p. 122
[4] Evolution, p. 171
[5] Buried Alive: the startling truth about neanderthal man, p. 166

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